quarta-feira, 15 de abril de 2015

A única coisa que vem até nós quando permanecemos parados é o ônibus!




Lá na firma tem um banheiro muito disputado entre as mulheres: é o banheiro para deficientes no final do corredor. Não sei se o que as atrai é o espaço ou a privacidade, mas sei que temos que glorificar em pé quando ele está disponível, principalmente na hora de escovar os dentes após o almoço – eu o.d.e.i.o passar fio dental na frente de outras pessoas! Ao lado da porta do banheiro fica o filtro onde eu estava enchendo a minha garrafinha dia desses quando ouvi barulho de salto alto no corredor. A mulher olhou a porta fechada, bufou um “esse banheiro tá sempre ocupado” virou as costas e provavelmente foi urinar ao lado de outra pessoa no banheiro da frente! E chegamos onde eu queria!

Terminei de encher a garrafa e tentei abrir a porta e...? Tcharan, estava vazio!

A gente costuma fazer tanto isso na vida, né?

Observamos de longe uma oportunidade, idealizamos como seria incrível se aquilo acontecesse, planejamos o que faríamos caso tivéssemos a chance, pensamos durante a caminhada, mas, às vezes, ficamos a dois passos do paraíso do objetivo e desistimos! Por medo de nos decepcionar com uma porta fechada, com medo da decepção de já ter alguém no lugar que nos imaginamos (seja ele uma privada ou uma cadeira na gerência) e voltamos ao ponto zero ou nos contentamos com algo que não queríamos só porque era mais fácil!

O pior é que normalmente preferimos ter razão do tipo “eu sabia que não ia dar em nada, viu, a empresa não respondeu o e-mail” –  “mas você enviou algum perguntando se receberam seu CV?” – “Não, eu sei que não vai dar em nada então nem vou me desgastar!” – sim! Porque teclar meia dúzia te palavras te fará desmaiar mais que a Juliana!

Então você toca violão no quarto, cantando baixinho para não incomodar o vizinho, e fala que o sonho da sua vida é fazer sucesso com sua música! Tem uma pasta no seu computador com seus poemas e os lê às vezes para pensar como seria incrível lançar um livro e compartilhá-los com outas pessoas! Você desenhou um livro para crianças, ele é sua obra de arte, seu filho, e fica dentro de um berço chamado “gaveta-do-criado-mudo”! Você se vê trabalhando em uma grande empresa que você paquera desde criança, mandou um currículo uma vez, mas durante o banho você fica criando diálogos que teria na entrevista e no seu primeiro dia!

Mas o medo de termos de admitir que tentamos e não conseguimos é grande! Então preferimos ficar com todas as desculpas, todas as hipóteses, todas as possibilidades e nenhuma certeza! Aliás, uma certeza:  Que não vai dar certo! Porque você não está fazendo nada a respeito, você não deu dois passos a mais e tentou abrir a porta, não forçou a maçaneta, não esperou por 5 minutos ou até mesmo quinze e correu o risco de enfrentar um mau odor ou um problema maior que esperava!
 

Quando você não se planeja e vai atrás do que você quer, você fará parte dos planos de outra pessoa e olha, ninguém vai te planejar algo tão bom quanto o que você almeja. Então, voltamos às frases prontas ridículas, mas que eu amo: Se der medo, vai com medo mesmo!! Mesmo que exista  a possibilidade da pessoa não ter dado descarga, às vezes precisamos limpar as merdas de alguém para provarmos quanto somos bons!