sexta-feira, 20 de março de 2015

A vida é mais difícil sem cromaqui!

Essa semana li uma ótima frase em uma foto no Instagram e não consigo parar de pensar a respeito: “Não compare os seus bastidores com o palco de alguém!”. É uma versão remix do “A grama do vizinho sempre é mais verde” com participação especial de “Só veem as pingas que eu tomo, mas não veem os tombos que levo”. Mas, assim como algumas regravações ficam melhores que a original, essa me impactou mais!

Somos tão esquisitos ao comparar o sabor de um bolo de chocolate pronto que alguém fez com a farinha, ovo cru e leite que ainda estão dispostos sobre a nossa pia. Não queremos pagar o preço, queremos apenas que as coisas aconteçam assim como aconteceram por mágica com os outros, logo após sacrificarem finais de semana estudando para passar na faculdade pública e com o dinheiro economizado com os estudos comprou o carro que você quer. Comparamos a medalha no peito depois de uma corrida com o nosso treinamento que só nos presenteia com suor e cãibras.

E com essa história de redes sociais, o palco das pessoas que antes era em um teatrinho de escola de cidade do interior agora se tornou uma apresentação no Rock In Rio. Todos veem casais apaixonados, filhos bem sucedidos, pais amados e superparceiros, amigas se divertindo em um bar, irmãos se amando, avós sendo respeitadas, um divertido almoço com colegas de trabalho, uma viagem de casais de amigos, etc. E quer tudo isso pra sua vida! Porque você discute com o seu namorado, seu filho falta no serviço que acabou de começar porque deu 3 espirros, você vive em pé de guerra com os seus pais, suas amigas dificilmente conseguem um dia para saírem juntas e quando saem falam tanto que esquecem da foto, não se lembra a última vez que teve uma conversa de amigo com o seu irmão, sua avó reclama que você não vai visita-la, prefere almoçar sozinho que com o pessoal do escritório e a viagem que tentou fazer em casais foi um desastre quando cada um queria fazer uma coisa!

Mas isso, meu bem, é vida real! Você vive um programa do Datena, não dá pra comparar com a bem ensaiada novela das 6 com humor leve e descontraído e que teve aquela cena gravada 78 vezes antes de ir pro ar!

Não compare seus bastidores cheios de fios espalhados, pessoas se trocando, maquiagem desfeita, falta de tomadas para todos os equipamentos com o projeto final de outra pessoa. Você nunca vai alcançar a felicidade e satisfação continuando com isso! Aproveite esse tempo vago em que está curiando a vida alheia e vá correr atrás do que você quer, vá preparar um bom espetáculo para o mundo ver, ou não, faça na surdina e, ao invés de aplausos e inveja, receba a oportunidade de fazer de novo e de novo e de novo! 

quarta-feira, 11 de março de 2015

"me manda o print que eu te ajudo a responder"

Perto de completar 28 réveillons particulares na face desta Terra, comecei a pensar sobre esse caminho longo que foi traçado com uma caminhada lenta e corcunda.

Ontem conversava com uma amiga sobre como a gente para de se importar com o decorrer dos anos: Paramos de nos importar tanto com a opinião dos outros, com as críticas que não constroem e com os elogios que também não nos levam a nada, com os bens que fulano ou ciclano tem, com a falta de um cumprimento em uma rodinha de amigos, com um olhar julgador de um desconhecido em uma via pública, com uma indireta... aprendemos a respirar um pouco mais fundo, piscar lentamente e virar os olhos como fazemos quando vamos escrever um bilhete que não ficou muito bom, então amassamos a folha e jogamos fora!

Mas é engraçado como ainda nos importamos com as pessoas com quem nos importamos! Sério, a frase é essa mesmo, leia mais umas 13 vezes e ela fará sentido – eu espero!
Continuamos priorizando pessoas que simplesmente não se importam! Continuamos gostando e fazendo questão de estar perto de pessoas que passaram. E é simples assim, elas passaram! Ou às vezes ainda estão passando, mas distraídas ou ocupadas com seus afazeres e suas vidas. E as pessoas não gostarem de nós da mesma forma que gostamos delas não é o fim do mundo! Já sobrevivemos a coisas piores: Você já quis morrer por um astro de uma boyband ou já sonhou com o dia em que correria na praia de mãos dadas com uma estrela do Baywatch. E um dia você acordou e se deu conta que eles nem sabiam que você existia.

Você conseguir contar os amigos – amigos de verdade – com uma mão é uma vantagem e uma benção! É melhor ter poucos padrinhos no seu casamento que vão te abraçar com sinceridade que mil convidados que vão reclamar que a bolinha de queijo tinha pouco orégano. E o bom de fazer esse tipo de reflexão é saber que eles existem – os reais! Os que reclamam do orégano eu já sabia que existem aos montes! 

É aquele que vai entender que você ligou um dia depois do seu aniversário para dar parabéns porque conhece sua cabeça avoada! É aquele que você pode falar que não vai visitá-lo porque está afim de ficar o dia de pijama no sofá! É o que vai te contar que tem uma catota no seu nariz! É aquele que te dará uns tapas na cara ao invés de dar sempre o ombro pra você chorar! É com quem você não precisa de desculpas!  É quem te critica sem medo e te elogia sem inveja! É quem sente seu tom de voz por uma mensagem de “oi” no Whats! E aquele que te abraça com uma mensagem! É quem não vai querer competir com você seja com problemas maiores que os seus ou alegrias maiores que as suas! 


E trocando o sentimento de “que droga, ninguém me ama” por “caraca, esses daqui vão me ajudar a trocar a fralda geriátrica”, eu percebo como sou abençoada por ter os melhores amigos e extremamente diferentes entre si! E como meu namorado – e grande amigo – disse: “amizade de verdade não precisa de esforço!”. 

E se algum amigo não mandar mensagem (os de verdade sabem que eu odeio ligação) na sexta-feira (13/03 - para o caso de você estar lendo o texto no futuro) esse ano não vai ter desculpa! Vou usar com violência a parte que amigo dá tapa na cara! 

sexta-feira, 6 de março de 2015

Peguei um trânsito de mais de um mês para te dar Parabéns!

(encaixe aqui um barulho de máquina de escrever)... Camilla, nascida e residente de São Paulo, capital, há quase 28 anos. 
Já fiquei presa em enchente, nunca fui assaltada, já trabalhei em um lugar que levava mais de duas horas para chegar, já tomei multa por trafegar na faixa de ônibus (tenho uma ótima desculpa e testemunha para isso, não sou do tipo folgada-espertona), um ônibus já bateu no meu carro, já perdi compromissos por demorar muito mais que o previsto para chegar, já fui a pé a lugares muito distantes por causa do trânsito, já dormi no metrô e perdi a estação que tinha que descer, já tropecei e rolei a escada de uma estação de metrô, já precisei assistir meu programa favorito no GPS do carro porque tinha acabado a luz em casa, com muita dor no coração já vi uma pessoa fazendo cocô na rua por não ter acesso a um banheiro (o mínimo de dignidade que um ser humano deveria ter), já vi uma pessoa entrar no trem mancando, sentar no banco preferencial e sair andando normalmente depois, já vi briga de trânsito, brigas de casais no transporte público e já ouvi inúmeras histórias que nunca saberei o final porque a pessoa que contava para uma outra (que não era eu) desceu em alguma estação ou ponto antes do meu!

Morar em São Paulo é como ter um relacionamento conturbado, cheio de brigas por ciúmes e de reconciliações que transbordam em amor enlouquecido! Te falta água, te falta luz, te falta paz, mas te sobra hot-dog a qualquer hora da madrugada, te sobram shows a preços acessíveis de boas bandas em todos os finais de semana, te sobram opções de lugares para conhecer, te sobram restaurantes bacanas, te sobram pessoas a conhecer, profunda ou superficialmente.

Do seu vizinho, você conhece o cocô do cachorro, mas atravessa a cidade para encontrar com amigos que trabalham em um mesmo lugar mas moram espalhados pelos 4 cantos da capital paulista. Perde longos minutos escrevendo um e-mail para a pessoa que trabalha a duas salas depois da sua ao invés de ter um contato pessoal, porque todo paulistano já nasceu desconfiado e precisa formalizar suas palavras, seja por exigência da empresa seja por cisma pessoal. Você logo percebe quando um turista é paulistano, pois ele pede para um morador local tirar uma foto sua com a esposa em um marco da cidade do interior e, enquanto ele abraça a mulher, já fica pronto para correr caso o calmo interiorano resolva fugir com o celular. Menos pelo valor afetivo com as fotos da última viagem e mais por ter de ficar alguns dias sem consultar o outlook e/ou redes sociais.

Paulistano vive na correria não por escolha própria, mas porque a cidade exige isso. Se você não corre, perde o ônibus, perde o farol aberto, perde a vaga no estacionamento lotado, perde a hora do encontro que pode ser com o homem da sua vida! O metrô não te espera com as portas abertas para entrar e menos ainda para sair, é preciso correr! O trânsito é a única coisa parada porque os carros ainda não voam. Talvez paulistano devesse nascer com asas – melhor não!

Mas nem só de pão-listano vive o homem São Paulo (por favor, não pare de ler o texto depois dessa piada. Sim, piada!). A cidade nos brinda com a diversidade todos os dias! Mulheres de véu passam em uma rua, homens com quipá atravessam outra, todos os sotaques se encontram em uma conversa em um bar na esquina (não sei porque, mas acreditamos que bar bom, fica em alguma esquina), tradições de outros países dividem uma sala de escritório, um micro-ônibus comporta 21 pessoas e milhares de trajetórias diferentes até chegar à capital paulista.
E São Paulo está preparado para receber todo o tipo de gente, todos os paladares de outras culturas, te prepara um bairro – como a Liberdade – para que você se sinta em casa, te abraça e te xinga como todo bom namorado bipolar. Te dá chuva, sol, arco-íris, frio, calor, folhas caem e tudo isso em 24 horas! São Paulo é cheia das surpresas, seja um cocô de pombo, seja um ônibus vazio! Surpresa é surpresa!

O aniversariante é o Rio, mas como não vivo lá, resolvi escrever sobre o que vivo aqui. E que troquei durante um ano, mas voltei correndo depois de não conseguir sair em uma noite de natal porque nem o posto de gasolina estava aberto. Obrigada pelos abraços de hoje, como os dois ônibus vazios para chegar até o serviço e por esperar eu retornar do almoço para mandar a chuva!


Nota da Autora: não citamos política nem aprofundamos ao tema “falta de água” porque eu não quis!