Mas depois fiquei pensando E SE eu tivesse dito sim ou se
tivesse, pelo menos, sugerido uma troca de telefone? Podia descobrir que ele
costuma usar palavras do tipo “seje”, “esteje”, “menas”, “escultar” e me
despediria logo em seguida trocando o número do meu telefone e deixando a vida
seguir. Ou também corria o risco de descobrir que ele é uma pessoa incrível,
alfabetizada, palmeirense roxo, que gosta de presentear a namorada com lindas
Melissas e com viagens para a Grécia. Mas não vou saber em que caso ele se
enquadra, porque falei “não”!

“Ah meu Deus, um texto para bater na cara das pessoas e
falar pra elas ‘pede pra sair’ ‘presta atenção no que você tá fazendo
dessa sua vidinha aí, porque tem mais do que você está se permitindo viver’!”
não, é um texto para procurar o cara que eu encontrei na segunda e pedir pra
ele continuar andando nos mesmos lugares, nos mesmos horários e a gente ainda
vai se trombar de novo. E se eu for contar com a sorte que eu tenho, isso vai
acontecer em uma sexta-feira, quando eu estou mordendo os outros na rua de tão
mau humorada e vestindo a primeira peça de roupa que grudou em mim quando
tropecei e cai no guarda-roupa!
Mas, de verdade, acho que usar a frase “posso responder já
já?” seria uma boa ferramenta para exercermos a nossa suposta racionalidade e
ponderarmos o que vamos contar empregando o futuro do pretérito e o que vamos contar como
fato da nossa história. Preguiça crônica de pensar no que poderia ter sido!
E esse poderia ter sido um texto mais bem humorado, só que
hoje é domingo, meu bom humor só chega amanhã, ele sempre aproveita as
oportunidades de viajar e nunca passa o final de semana em São Paulo.
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