Sim, esse era pra ser um blog de humor – e talvez continue
sendo, porque isso tudo parece uma piada – mas o que aconteceu nos últimos dias
me impede de publicar o post que estava pronto para essa semana. Não sei se o
livro que estou lendo atualmente que despertou esse repentino interesse na
política em mim, ou se foi o tamanho da indignação que senti quando vi a
notícia que Renan Calheiros assumiu a presidência do Senado, eleito com 56
votos e defendido por outros parlamentares.

O Senado Federal é o representante dos estados no Congresso
Nacional do Brasil, foi criado em 1824 e, atualmente, conta com 81 membros.
Cada uma das 27 unidades federativas do Brasil possui 3 senadores, eles são eleitos
para mandatos de 8 anos, sendo que são renovados em uma eleição um terço e na
eleição subsequente, dois terços das cadeiras.
Entre outras funções, cabe exclusivamente ao Senado Federal
do Brasil:
·
Processar
e julgar, nos crimes de responsabilidade: Presidente da República, Vice
Presidente, Ministros do Supremo Tribunal Federal, Membros do Conselho de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, Procurador-Geral da
República, Advogado-Geral da União e, nos crimes conexos ao Presidente e Vice,
Ministros de Estado, Comandantes das Forças Armadas.
E aí nos perguntamos como uma pessoa que foi denunciado por
utilizar dinheiro de lobista para pagar pensão de uma filha fora do casamento
pode processar e julgar qualquer outro crime? Explico melhor: Renan Calheiros
já foi presidente do Senado por duas vezes – 2005 e 2007 (o parlamentar ocupa a
cadeira de presidente por dois anos). No final do segundo mandato, ele deixou o
cargo em meio à denúncia citada acima. Estratégia essa que me lembra a renuncia
do Collor antes da conclusão do processo no Senado Federal, tentando espertamente
fugir à pena de inabilitação por oito anos para exercício de cargo público – o que
não resolveu de nada. Esse mesmo Collor, que hoje é senador e defensor de Renan
Calheiros, criticou especialmente a decisão do procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, que chefia o Ministério Público Federal, por apresentar, poucos
dias antes da eleição para presidente, uma denúncia contra Renan Calheiros pelos
crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Se o Supremo aceitar a denúncia, Renan
Calheiros será réu e responderá a processo criminal.

Aí você pensa: “mas eu não o elegi, quem o elegeu foram os
senadores!”. Mas quem elegeu os senadores fomos nós! Gostaria de terminar este
post indignado com uma lista dos senadores que votaram a favor do Renan, mas o
voto é secreto, então, deixo o link para vocês lerem a biografia dos atuais
parlamentares: http://www12.senado.gov.br/noticias/tablet/senadorespornome
E como podemos agir além de pensarmos melhor em quem vamos
votar? Acessando o link http://www.avaaz.org/po/petition/Impeachment_do_Presidente_do_Senado_Renan_Calheiros/?fIQTXdb&pv=18
preencha as informações e assine a petição. Vamos exercer nosso direito de
cidadãos e nosso dever de combater a corrupção e abusos em um país onde a lei
da ficha limpa parece que está longe de funcionar!
Discutindo esse post com a minha mãe, tive que ouvir “cuidado,
porque eles nunca são presos, mas você pode ser!”. E a gente sorri porque é
verdade!
Um comentário:
" As pessoas estão lendo pouco, escrevendo menos, pensando pequeno, se importando o mínimo e se achando muito. Tem mais é que se f*** mesmo."
Postar um comentário