quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Alguém tira a fita, assopra e dá reset?


Sou do tipo de pessoa que tenho medo do futuro e, talvez por isso, tendo a pensar o mínimo possível nele! Mas, ultimamente, o sentimento de pavor anda persistindo e lutando bravamente contra qualquer tentativa de me concentrar só no presente! E meu maior medo dos dias que virão não é se vou ter uma aposentadoria bacana, se teremos água suficiente, se eu terei artrose, o que mais me preocupa é como serão as pessoas!

Sempre converso com uma amiga sobre “e como será quando nossos filhos estiverem grandes?”.  
Normalmente é ela quem fala isso, mas eu divido o medo! Sou de uma geração que já é um tanto problemática, que as pessoas não tem tanta paciência, que se acham extremamente especiais e acham que para serem valorizadas precisam menosprezar o outro. Mas a próxima geração é um pouco mais assustadora!

Nós assistíamos filmes em que os adultos eram heróis e queríamos imitá-los pois sabíamos que como crianças o máximo que faríamos era aprender que antes de B e P vem o M. Hoje os filmes mostram as crianças heroínas e, na maioria dos folhetins, elas são insolentes! Tratam os adultos de qualquer forma – mesmo que seja uma bruxa má – e desprezam ordem dos pais.

Antes o merthiolate ardia e nos fazia pensar duas vezes antes de pular de cima da árvore, na minha época comíamos legumes e verduras porque os pais mandavam, simples assim, não tinha essa de desenhar a história da Chapeuzinho Vermelho com o tomate para tornar o prato mais atrativo!

Criança tinha hora pra dormir e não tinha barganha! O olhar dos nossos pais nos fazia gelar por dentro e íamos deitar, nos comportávamos em um jantar ou em qualquer evento social não porque não morríamos de vontade de sair tocando o terror, mas porque obedecíamos. Por medo? Talvez alguns. Mas a maioria, por respeito! Porque tínhamos a noção que pai é pai, mãe é mãe, homem é homem, menino é menino e macaco é macaco!

Sempre critiquei a minha mãe quando ela me falava que na época que ela estudava, acordava cedo pra trabalhar, pegava ônibus, carroça, o que quer que fosse e voltava tarde da noite, não tinha essa de pai ir buscar no metrô e eu me perguntava  “se ela não curtia aquilo, se é ruim, porque deseja o mesmo pra mim?!” Pelo mesmo fato que eu desejo pro meu filho, sobrinho, afilhado, criança catarrenta conhecida que sofra com merthiolate, que entenda um olhar severo, que saiba que criança é criança, que tome umas chineladas na bunda e que obedeça pelo simples fato de obedecer por pior que seja: pra virar um bom adulto! Um adulto que conheça hierarquia, que não saia de um serviço porque o chefe falou mais alto com ele e ele "não leva desaforo pra casa”, um adulto que siga regras mesmo que ninguém esteja olhando, um adulto que me faça ter um mínimo de esperança que “dias melhores virão”!
E uma última súplica: seus filhos serão adultos a maior parte da vida! Por favor, deixem que sejam crianças, que se vistam com roupa da Moranguinho, que se sujem de tinta, que brinquem com bonecas, que brinquem de carrinho, que acordem despenteados, que tenham cachinhos e que suem numa brincadeira na escola sem se preocupar com o laço no cabelo!

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