quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Volte 482 casas!

Pra quem é meu amiguinho no Facebook já sabe que hoje pela manhã eu estava ouvindo uma conversa no ônibus – quem está sempre por aqui sabe que essa é uma velha mania minha – e duas mulheres falavam sobre um cara que foi assaltado na rodoviária. Uma delas dizia “Mas o cara tem que ser muito trouxa pra colocar 2 mil na carteira! É claro que vai ser roubado! Estava pedindo para levarem!” E fiquei pensando: onde a gente vai parar?

Quando paramos de torcer para o mocinho vencer o mal e passamos a olhá-lo como panaca que só faz besteira? Quando passamos a simpatizar com o bandido e a torcer para que se dê bem às custas de “trouxas” que andam com o seu próprio dinheiro por aí? Quando começamos a achar que idiota é a pessoa que atende o seu celular na rua – se não fosse pra usar na rua, poderíamos comprar telefones fixos! Que momento escolhemos o WaLuigi e deixamos de escolher o Mario para jogar Mario Tennis?
Há um tempo houve a polêmica sobre a pesquisa que divulgou ~ erroneamente ~ que 65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta é culpada por ser estuprada! Ok, o dado estava errado e foi corrigido para 26%! Igualmente inacreditável: 26% dos brasileiros acham que uma vítima de estupro pediu por isso!

Não sei se a culpa é da novela das oito que faz um cara que jogou uma criança na lata de lixo ser amado porque é engraçado, se é do Coyote que faz o bicho que quer capturar o outro para comer ser considerado um exemplo por nunca desistir, se é dos filmes de terror que fazem com que odiemos a mocinha que resolve fugir do assassino indo para o último andar do prédio e sempre pensamos “essa imbecil tem que morrer mesmo, ôôô bicha burra!”, ou se temos que parar de terceirizar a culpa...

Parece que estamos regredindo nesse negócio de virar humanos! Uma mulher tira uma foto ao lado de um caixão sem se importar se os filhos que perderam um pai estão ao seu lado! A Globo te chama para ver um médico legista que chega ao local do acidente e vê que a vítima é o pai dele...

Parece que na brincadeira da vida a voz do locutor perguntava se queríamos trocar uma bicicleta por falta de amor, e nós, com o fone de ouvido tocando Valeska Popozuda, gritávamos SIIIM! Se trocaríamos o mocinho certinho com cara de bebê pelo bandido com cicatriz na sobrancelha e barba por fazer e nós gritávamos SIM!! Se deixaríamos de ajudar o próximo para filmá-lo sendo assaltado e nós não gritávamos nada porque estávamos distraídos vendo as fotos de um acidente qualquer! 

Como diria o poeta: Tá faltando sentimento ~ e a gente já não rola muito tempo – roda o bracinho no ar e bate palma! ~




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