Vá botar uma blusa de frio pra ir nessa tal de Micareta!!!

- Ralf, você não vai sair de casa com essas pernas de fora!! (não, meu nome não é Ralf, mas a minha vó costuma me chamar pelo nome dos meus primos, tios e cachorros da família inteira)
- Não vó, eu estou de meia-calça.
- Meia-calça não esquenta ninguém! Está muito frio pra sair assim! Vai colocar uma calça e uma blusa!
- Vó, meu buço tem mais suor que os sovacos de todos os tripulantes de um vagão de trem às 18:30 de uma sexta-feira – até daqueles que usam o mesmo uniforme a semana inteira! Eu estou morrendo de calor, você que sente frio!
- Então vai colocar uma calça fresca!

Esse foi um diálogo que rolou na minha casa na última semana, e, na verdade, é um diálogo que acontece com uma certa frequência. Porque a minha vó, no alto dos seus muitos anos, tem a pele bem fininha, pesa 41kg e não vai pra muitos lugares com mais de 3 pessoas, ou seja, não tem muitos motivos pra sentir calor, pelo contrário, é uma das pessoas mais friorentas que eu conheço. E eu, no alto dos meus muitos quilos, 25 anos, pele de rinoceronte, menopausa precoce e indo para lugares mais movimentados, tenho todos os motivos do mundo para andar com um leque, dois ventiladores e um eunuco na bolsa!

Somos pessoas diferentes, com sensações diferentes, gostos diferentes, de épocas diferentes, mas nem por isso não temos nossas semelhanças– as quais, todo dia eu me surpreendo: como elas existem e são bem numerosas! Então, qual lição que aprendemos hoje, turma?!?! Que eu tenho razão e minha vó tem que usar biquíni diariamente, até porque, o tom azulado que ela vai ficar na pele, combina com seu cabelo grisalho?! Ou talvez que ela é a certa da história e eu tenho que me vestir como se vivesse no polo norte, mesmo sentindo um calor das arábias e suar mais que maratonista?! Nãããão!!!!!

Aprendemos que se a sua coleguinha gosta de filmes com vampiros que brilham e você acha que se um zumbi vier atrás dela, vai ter que se contentar só com a carne, porque o cérebro não existe, você está errado (a)! Deve respeitar o gosto dela e não obriga-la a assistir uma maratona de filmes com vampiros de verdade! Mas você, coleguinha de gosto duvidoso, também não pode obrigar seu amigo a assistir todos os filmes da série Crepúsculo, se ele não suportar os mesmos!

Aprendemos que se a sua irmã gosta de ouvir Luan Santana e toda e qualquer dupla sertaneja que aparecer no interior de Goiás, você não precisa ouvir com ela, mas também não precisa interna-la em um estúdio em que só toque rock! E o contrário também é verdade: Se você ouve sertanejo, não precisa obrigar ninguém a dividir o som com você! Faça como eu: ouça sozinha ou numa balada em que todo mundo compartilha do mesmo gosto – diretamente da série“Gosto, mas tenho vergonha!”

Se você gosta de loirinho dozóio claro, não convença a sua amiga que curte um negão a partilhar do mesmo gosto que você – é menos concorrência, menos briga por homem e menos gente com mau gosto no mundo!

Se você sente frio, vista blusa, mas não encha o saco de ninguém! Se você sente calor, ligue o ventilador, mas não repreenda se alguém for buscar coberta! Se você gosta de vermelho, menstrue! Se você gosta de marrom, se lambuze na lama (rá!!)! Se você gosta de altura, guarde grana pra pular de paraquedas, mas não zoe a gorda medrosa aqui que não conseguiu nem ver as fotos dos colegas que foram pular!

Vamos nos permitir respeitar! E bora ser feliz! Porque o gosto de ninguém vai te fazer mais feliz que fazer a sua própria vontade! Percebi isso há umas semanas quando estava assistindo Pesca Alternativa. Eu não suporto pescar, não entendo a graça desse esporte, não tenho paciência pro silêncio e tenho nojinho de minhoca, mas os caras que estavam pescando durante o programa se deliciavam no silêncio, na fala calma e na espera da linha balançar! Vocês precisavam ver a alegria que eles ficavam quando pescavam um peixinho menor que uma tira de sashimi! Queriam tirar foto, mandar um cartão postal pra mãe pra ela se orgulhar do filho que tem, fazer uma festa em comemoração àquela conquista, que voltaria pro rio logo em seguida! Se quisessem me torturar para que eu contasse algum segredo de estado, poderiam me levar para um passeio desse, mas eu fiquei feliz em ver pessoas muito – MUITO –felizes com aquela atividade! Respeitei e aprendi! E agora vou dar as mãos para minhas amigas que curtem o Edward e pular dando voltinhas quando ele casar com a mina branca lá – ou não, só vou ficar feliz em vê-las fazendo isso, porque prova que eu não sou a pior dodói da mente da turma!

OBS: Desculpem não ter colocado foto nos últimos posts... o baguio aqui tá com pau e eu não sei resolver! Não sou blogueira nerdista, só acho que as besteiras que eu penso não tem que ficar só na minha cabeça!